29 maio 2013







Muito amor fantasiado de cilada e muita cilada fantasiada de amor. Muita gente estragando tudo que sempre quis, por não ser exatamente do jeito que sempre sonhou. Não é difícil conviver com o outro. É difícil, quase impossível, conviver com as idealizações do outro. Sim, porque poucos amam o real, passam todo o relacionamento querendo mudar o parceiro um pouquinho ali, um pouquinho aqui, mudanças que nunca acabam, insatisfações que nunca tem fim. É complicado lidar com a falta de pureza de todas essas pessoas que colecionam decepções, frustrações, enganos e cicatrizes. Gente que teve que desaprender a confiar, pra aprender a ser feliz. Já não existem amores como os da infância, sem posse, sem medo, sem infinitas cobranças. É um desafio constante combater a sensação de que ainda não é o suficiente. Nunca é o suficiente. Ele é incrível, mas eu acho que posso encontrar alguém melhor, mais compatível. Ela é maravilhosa, mas tem tanta mulher maravilhosa pra eu conhecer ainda. Besteira. Uma busca insana por uma perfeição que não existe. Uma cobrança injusta de um conjunto de qualidades paradoxas que nem a gente possui. Grande engano de muita gente a certeza de maturidade, sem essa de esperar príncipe encantado. Vocês só mudaram o perfil do príncipe e da princesa também, porque essa epidemia não atinge só as mulheres. Nada de cabelo loiro e cavalo branco, é o fim dos vestidos de princesa- a coisa ficou muito mais feia pros candidatos à modelo perfeito porque a exigência vai de corpo a caráter, cada defeito e qualidade sendo pesados criteriosamente numa balança fria. Eu também sou doente disso. Quem não é? A cura é um processo lento, a aceitação de que se trata de um conflito interno e não problema dos outros é demorada. Antes de cobrar algo absurdo, "Eu sou tudo isso que eu espero de alguém? Eu faria diferente, no lugar dele?" Quase nunca sou, quase nunca faria. Talvez essa não seja, ainda, o fim de nada grandioso, mas é o começo de um momento crucial da minha vida: A batalha travada contra mim mesma, minha maior aliada e inimiga. Porque o amor só entra, em quem deixa entrar. E não tô falando de porta aberta, tem que estar receptiva. Só permanece, em quem sabe cuidar. É tempo de aprender.


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